Veja como foi primeira noite do casal Nardoni de volta à prisão
Presos em caráter preventivo na noite de quarta-feira (7), o pai e a madrasta da menina Isabella Nardoni, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, passaram a madrugada desta quinta-feira (8) isolados em celas de dois distritos policiais de São Paulo.
Caso Isabella: cobertura completa
Esta é a segunda vez que eles são detidos. A primeira, em caráter temporário, durou oito dias. Desta vez, o casal está em outros dois distritos: Alexandre foi para a Zona Norte e Anna Carolina, para a Zona Sul.
Madrasta
Confinada em uma das quatro celas de 18 metros quadrados do 97°DP, em Americanópolis, na Zona Sul de São Paulo, Anna Carolina, passou a madrugada gelada sobre um papelão, segundo o delegado José Tanganelli. Para se aquecer, de acordo com o mesmo policial, ela se cobriu com um cobertor. Um termômetro da Rodovia dos Imigrantes, próximo ao complexo, marcava 10ºC na região por volta das 5h.
O delegado disse que Anna chorou ao entrar na cela, pouco depois de 1h15. Após um lanche servido por uma carcereira, ela passou a ler a Bíblia. Anna não usou um colchonete deixado por uma mulher que foi transferida para outra delegacia, segundo Tanganelli. Não há chuveiro na cela, apenas um sanitário. Até 4h50, ela não havia dormido, de acordo com o policial. Durante a madrugada, duas mulheres também ocuparam outras duas celas do distrito. Anna foi mantida sozinha na cela. Pela manhã, às 7h05, ela recebeu o café da manhã: pão e café com leite.
Segundo Tanganelli, a madrasta de Isabella deve deixar a carceragem até as 16h desta quinta, pois deve ser encaminhada para um Centro de Detenção Provisória (CDP). O delegado disse que ela não foi levada para um dos centros de detenção da capital ainda na quarta porque o horário limite para a transferência de presos termina às 17h.
Nardoni
Preso no mesmo distrito por onde já passaram o empresário Oscar Maroni e o jornalista Roberto Cabrini, Alexandre Nardoni passou a noite sozinho em uma cela sem cama nem chuveiro no 13º DP, no bairro da Casa Verde, na Zona Norte. “Conforto aqui ele pode esquecer”, afirmou o delegado titular, Reynaldo Peres.
Nardoni ocupa uma cela individual com 2 metros por 1 metro, enquanto as demais têm 5 metros por 5 metros. O delegado disse que nem todos os detentos têm televisões, mas alguns deles conseguem acompanhar a programação das emissoras e conhecem o caso Isabella. Entretanto, ele acredita que o pai da menina não será hostilizado. "Eles estão acostumados a receber grandes figuras", disse o delegado.
Segundo Peres, Nardoni deve ficar sozinho por poucos dias. “Por livre iniciativa, vou deixá-lo sozinho por um ou dois dias até sentir se ele pode ir para o convívio de outros presos.” De acordo com o delegado, a medida visa unicamente a preservação da integridade física do preso. O delegado disse que a alimentação no local é diversificada e inclui sempre arroz, feijão, algum tipo de carne e salada. Por volta das 7h, foi servido o café da manhã. Trinta pães com manteiga de dez litros de leite foram divididos entre os presos.
As visitas são permitidas uma vez por semana para familiares mais próximos. Os advogados podem fazer visitas todos os dias, mas em horários determinados.
Prisão
A decisão judicial foi divulgada na tarde quarta-feira. O juiz do 2º Tribunal do Júri do Fórum de Santana, Maurício Fossen, que aceitou a denúncia oferecida pelo promotor Francisco Cembranelli e o pedido de prisão preventiva. Com a determinação, o casal passa a ser réu no processo penal e é formalmente acusado pela morte de Isabella.
O magistrado alega que a prisão foi necessária "para garantir a ordem pública (...) em razão da gravidade e intensidade do dolo com que o crime descrito na denúncia foi praticado e a repercussão que o delito causou no meio social". Ele classificou o casal como "pessoas desprovidas de sensibilidade moral e sem um mínimo de compaixão humana".
Habeas corpus
O promotor que acompanha o caso disse acreditar “que a vontade da sociedade brasileira foi levada em consideração”. Os advogados pretendem entrar com um pedido para que o casal acompanhe o processo em liberdade, mas antes pretendem ler o despacho do juiz para depois dar entrada ao pedido de habeas corpus.
Protestos e exames
A Polícia Civil chegou no começo da noite de quarta para cumprir o mandado de prisão. O casal só deixou o apartamento do pai de Anna Carolina depois das 22h30, quando cerca de 800 pessoas aguardavam na frente do prédio. Após a saída do casal, houve tumulto quando pessoas tentaram invadir a garagem do edifício.O casal já saiu de casa pronto para seguir para as celas. Normas de segurança da Polícia Civil impedem que os presos usem qualquer tipo de acessório – como colares, cintos, cordões ou alianças ou mesmo cadarço de tênis, por exemplo. Anna Carolina saiu de moleton e tênis sem cadarço.
Algemados e levados em carros separados, Anna e Alexandre foram primeiro para o 9° DP, onde assinaram o termo de cumprimento da prisão. De lá seguiram para o Instituto Médico-Legal, onde passaram por exame de corpo de delito. Após cumprir os procedimentos foram encaminhados para as delegacias.
Fonte: Globo.com
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