Presidente da CLDF admite que recebeu dinheiro
No dia 21 de outubro, Durval Barbosa se encontrou com o governador José Roberto Arruda e o chefe da Casa Civil, José Geraldo Maciel. Eles trataram de dinheiro para a base aliada.
Arruda: “eu acho que tudo isso tem que ser o seguinte: tem que ‘tá’ ligado a uma campanha política junto, concordam”?
José Geraldo Maciel: o Roney pega... e lá onze e meio. O Rogério Ulysses comigo cinquenta e lá dez com o Omézio.
José Roberto Arruda: Não, acabou uai...
José Geraldo Maciel: Não, pois é. O Aylton comigo trinta e com o Omézio dez. O Berinaldo trinta e trinta.
Arruda: Não!
José Geraldo Maciel: pois é, tá alto demais.
Arruda: Não! Meu Deus!
Durval Barbosa: o Berinaldo pequenininho daquele jeito...
José Geraldo Maciel: quer que eu coordene isso?
Arruda: tem que ser.
Arruda parece preocupado com processos judiciais.
Arruda: eu vou fazer, com calma, agora, uma visita ao presidente do tribunal. Vou combinar um encontro com ele, ouvir o que ele nos aconselha.
O vice-governador, Paulo Octávio, é citado numa conversa entre o presidente da empresa Linknet, Gilberto Lucena, que tem contrato com o GDF, e Durval Barbosa.
Gilberto Lucena - Paulo Octávio tem quantos aqui?
Durval - tem 30%.
Gilberto Lucena - então eu tenho que mandar para o Paulo Octávio.
Além do governador e do vice, são citados no inquérito da Polícia Federal: nove secretários, um secretário adjunto, um conselheiro do Tribunal de Contas, cinco diretores de empresas do governo, pelo menos três assessores e dez deputados distritais.
Entre os deputados citados está o presidente da Câmara Legislativa (CLDF), Leonardo Prudente, e Júnior Brunelli. Em um dos vídeos gravado por Durval Barbosa, os três aparecem fazendo uma oração no gabinete do ex-secretário no anexo do Buriti.
“Pai, nós somos gratos pela vida do Durval, que tem sido um instrumento de benção para nossas vidas, para essa cidade. Que o senhor contemple a questão do seu coração. A sentença é o senhor quem determina”.
Prudente também apareceu colocando dinheiro nas meias. Na tarde desta segunda-feira, dia 30, ele explicou que dinheiro era esse. “Eu coloquei o recurso nas minhas vestimentas, em função da segurança”, confessa o presidente da Câmara Legislativa, deputado Leonardo Prudente (DEM).
Leonardo Prudente disse também que não vai se afastar da presidência da Câmara Legislativa. O deputado Rogério Ulysses informou que já pediu ao partido a abertura de uma investigação disciplinar. Roney Nêmer disse que jamais participou de esquema de corrupção. Aylton Gomes afirmou que está surpreso porque não tem qualquer participação. Segundo a assessoria de Berinaldo Pontes, o ex-deputado nunca recebeu nenhum dinheiro.
A assessoria do chefe da Casa Civil, José Geraldo Maciel, informou que ele está colaborando com as investigações. O vice-governador, Paulo Octávio, disse, por meio da assessoria, desconhecer o repasse de 30% de contratos da Linknet. O presidente da empresa, Gilberto Lucena, afirmou ser vítima nessa história. O Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) informou que os fatos foram analisados pelo Conselho Especial.
O governador divulgou uma nota, no fim de semana, afirmando que é vítima de uma trama, falando em atos que Durval Barbosa praticou nos oito anos do governo anterior. Mas Durval Barbosa fez parte do governo Roriz e foi nomeado por Arruda, em janeiro de 2007, como chefe da assessoria especial do governador. Meses depois, Durval virou secretário de Relações Institucionais - cargo que ocupou até sexta-feira passada (27).
Outro escândalo
No meio desse escândalo, surgiu uma segunda denúncia na tarde desta segunda-feira, dia 30. E grave. Valmir Amaral, dono de empresas de ônibus, foi à Câmara Legislativa e ocupou a mesa que estava preparada para o presidente Leonardo Prudente dar uma entrevista coletiva. Quase aos gritos, Amaral disse aos jornalistas que os empresários pagaram a deputados durante a votação da lei do passe livre.
“Eles pagaram R$ 1 milhão para alterar a lei, R$ 600 mil para derrubar o veto do governador. O governador iria vetar. Quem pediu o veto foi na Câmara Legislativa. Eu não sei quem foi. A minha empresa de ônibus estava escalada para dar R$ 170 mil, mas eu não dei o dinheiro”, revela o empresário Valmir Amaral.
O empresário fez a denúncia a muitos jornalistas dentro da Câmara Legislativa. Agora, ele tem a obrigação de esclarecer a história.
Fonte: DFtv.
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