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Vinhos:

Posted by Monk on 01:05
Vinho Tinto é novo aliado contra o envelhecimento











O vinho tinto pode ser muito mais potente do que se imaginava no prolongamento da vida humana, disseram pesquisadores em um novo estudo que provavelmente dará ímpeto ao campo em rápido crescimento de drogas para longevidade. O estudo se baseia em doses dadas a camundongos de resveratrol, um ingrediente de alguns vinhos tintos. Alguns cientistas já estão tomando resveratrol em forma de cápsula, mas outros acreditam que é cedo demais para tomar a droga, especialmente usando vinho como sua fonte, até que haja melhores dados sobre sua segurança e eficácia.

O trabalho faz parte de uma nova onda de interesse em drogas que possam aumentar a longevidade. Na segunda-feira, a Sirtris, uma nova empresa fundada em 2004 para desenvolver drogas com os mesmos efeitos do resveratrol, concluiu sua venda para a GlaxoSmithKline por US$ 720 milhões.

A Sirtris busca desenvolver drogas que ativem proteínas conhecidas nas pessoas como sirtuínas. "O potencial é tão grande que, se estivermos certos, a empresa que dominar o espaço da sirtuína poderá dominar a indústria farmacêutica e mudar a medicina", disse o dr. David Sinclair, da Escola de Medicina de Harvard e co-fundador da empresa, na terça-feira.

Cientistas sérios há muito ridicularizavam a idéia de elixires capazes de prolongar a vida, mas agora foi aberta uma porta para drogas que exploram um mecanismo de sobrevivência biológica ancestral, o que transfere os recursos do corpo da fertilidade para a manutenção de tecidos. A manutenção melhorada dos tecidos parece prolongar a vida ao reduzir as doenças degenerativas do envelhecimento. O reflexo pode ser estimulado por uma dieta semelhante à fome, conhecida como restrição calórica, que prolonga a vida dos roedores em laboratório em até 30%, mas é difícil demais para as pessoas manterem e, de qualquer modo, seu funcionamento não foi comprovado em seres humanos.

Pesquisa iniciada há cerca de 20 anos pelo dr. Leonard Guarente, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, mostrou recentemente que a mudança induzida pela fome para a preservação de tecido pode ser provocada pela ativação das sirtuínas do corpo. Sinclair, um ex-estudante dele, então descobriu em 2003 que as sirtuínas podiam ser ativadas por vários compostos naturais, incluindo o resveratrol, previamente conhecido como apenas um ingrediente de certos vinhos tintos. A descoberta de Sinclair levou a várias direções. Ele e outros testaram os efeitos do resveratrol em camundongos, a maioria com doses bem maiores do que as quantidades minúsculas encontradas no vinho tinto.Um dos resultados mais espetaculares foi obtido no ano passado pelo dr. Johan Auwerx, do Instituto de Genética e Biologia Molecular e Celular, em Illkirch, França. Ele mostrou que o resveratrol podia transformar camundongos sedentários em atletas campeões, os fazendo correr duas vezes mais em uma esteira antes de desmaiarem.

A Sirtris, enquanto isso, vem testando o resveratrol e outras drogas que ativam as sirtuínas. Estas drogas são pequenas moléculas, mais estáveis que o resveratrol, e podem ser ministradas em doses menores.

Em abril, a Sirtris informou que sua fórmula de resveratrol, chamada SRT501, reduziu os níveis de glicose em pacientes diabéticos.A empresa planeja em breve iniciar testes clínicos de seu substituto do resveratrol. O valor da Sirtris para a GlaxoSmithKline presumivelmente envolve a possibilidade de suas drogas ativadoras das sirtuínas poderem ser usadas para o tratamento de uma série de doenças degenerativas, de câncer a mal de Alzheimer, se a teoria por trás delas estiver correta. Além das pesquisas da Sirtris, uma equipe de pesquisa liderada por Tomas A. Prolla e Richard Weindruch, da Universidade de Wisconsin, informou na revista "PLoS One" na quarta-feira que o resveratrol pode ser eficaz em camundongos e pessoas em doses muito menores do que previamente consideradas necessárias.

Em estudos anteriores, como o de Auwerx de camundongos correndo em esteiras, os animais foram alimentados com quantidades tão grandes de resveratrol que, para obter dosagens equivalentes, uma pessoa teria que beber mais de 100 garrafas de vinho por dia.

Os cientistas de Wisconsin usaram uma dose em camundongos equivalente a apenas 35 garrafas por dia. Mas o vinho tinto contém muitos outros compostos semelhantes ao resveratrol que também podem ser benéficos. Levando eles em consideração, assim como a taxa metabólica mais rápida dos camundongos, meras quatro taças de vinho "se aproximam" da quantidade de resveratrol que consideram eficaz, disse Weindruch. O resveratrol também pode ser obtido na forma de cápsulas comercializadas por várias empresas. As produzidas por uma empresa, a Longevinex, incluem extratos de vinho tinto e de uma planta chinesa chamada Reynoutria sachalinensis. Os pesquisadores de Wisconsin concluíram que o resveratrol pode imitar muitos dos efeitos de uma dieta de restrição calórica "em doses que podem ser prontamente obtidas em ser humanos".A eficácia das doses baixas não foi testada diretamente, mas com um chip de DNA que mede mudanças na atividade dos genes. A equipe de Wisconsin primeiro definiu o padrão de atividade genética estabelecida em um camundongo sob restrição calórica, e então mostrou que doses bem baixas de resveratrol produziam o mesmo padrão. Auwerx, que usou doses quase 100 vezes maiores em suas experiências em esteira, expressou reservas em relação aos novos resultados. "Eu seria realmente cauteloso, já que nunca vimos efeitos significativos com quantidades tão baixas", ele disse na terça-feira em uma mensagem por e-mail.

Outro pesquisador no campo da sirtuína, o dr. Matthew Kaeberlein, da Universidade de Washington, em Seattle, disse: "Não há como saber a partir destes dados, ou de trabalhos anteriores, se algo semelhante aconteceria em seres humanos em doses baixas ou altas".

Um elo crítico para estabelecer se a restrição calórica promove ou não as mesmas maravilhas nas pessoas como nos camundongos depende de dois testes envolvendo macacos. Como os macacos rhesus vivem até 40 anos, os testes levam muito tempo para exibir resultados. Especialistas disseram que um dos dois testes, que está sendo conduzido por Weindruch, está finalmente mostrando evidência clara de que macacos sob restrição calórica estão vivendo mais do que os animais de controle. Mas esse efeito não é aparente no outro teste, que está sendo conduzido nos Institutos Nacionais de Saúde.

O relatório de Wisconsin destacou outro elo não resolvido na teoria, sobre se o resveratrol de fato funciona ativando as sirtuínas. A questão é nebulosa porque o resveratrol é uma droga poderosa que tem muitos efeitos diferentes na célula. Os pesquisadores de Wisconsin relataram que não viram nenhuma mudança no equivalente da sirtuína nos camundongos durante a restrição calórica, um resultado que se for verdadeiro, poderia minar a estratégia da Sirtris de procurar por drogas que ativam a sirtuína. Guarente, um consultor científico da Sirtris, disse que a equipe de Wisconsin apenas mediu a quantidade de sirtuína presente nos tecidos dos camundongos, e não o fator mais importante, se ela foi ativada ou não.

Sinclair disse que a resposta definitiva surgirá a partir das experiências, atualmente em andamento, com camundongos cujos genes da sirtuína foram desativados. "A questão sobre como o resveratrol funciona é um debate em andamento e exigirá mais estudos para obtenção de uma resposta", disse Sinclair. O dr. Robert E. Hughes, do Instituto Buck de Pesquisa do Envelhecimento, disse que não existe garantia de sucesso dado que a maioria dos projetos de novas drogas fracassa. Mas, ele disse, testar os usos terapêuticos de drogas que imitam a restrição calórica é uma boa idéia, com base em evidência substancial.


Fonte: The New York Times


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