Esporte:

Nada foi provado no caso Rebeca Gusmão
Corte Arbitral do Esporte julgou-se incapaz para analisar uma acusação de doping. Nadadora ainda aguarda julgamento de outro caso

Acusada pela Federação Internacional de Natação (Fina) de doping, a nadadora Rebeca Gusmão rompeu o silêncio e demonstrou nesta segunda-feira, dia 12 de maio, estar otimista quanto à possibilidade de participar dos Jogos Olímpicos de Pequim. "Vou para Pequim, vou trazer essa medalha", disse a nadadora, em entrevista coletiva à imprensa, em uma universidade de Brasília. Na semana passada, ao analisar uma acusação de doping contra a nadadora, em 2006, a Corte Arbitral do Esporte (CAS), com sede na Suíça, julgou-se incapaz de analisar um recurso da Fina. Com isso, o processo voltou para a entidade. Rebeca Gusmão ainda aguarda o julgamento, pela Fina, de uma segunda acusação de doping, feita antes dos Jogos Pan-Americanos, em 2007. A decisão deve sair nos próximos dias. Ela está suspensa preventivamente desde o dia 5 de novembro de 2007, depois que a Fina divulgou resultado positivo no exame antidoping da atleta. Por causa da suspensão preventiva imposta pela Fina, a nadadora teve invalidados os índices obtidos para participar dos Jogos Olímpicos de Pequim. Se for inocentada, segundo a defesa da nadadora, os índices serão revalidados automaticamente. Ela disse que conquistou índices para competir nos 50m e 100m livre, além do revezamento. Mas ressaltou que, se conseguir participar dos Jogos, vai competir apenas na prova de 50m livre.

A nadadora disse que faz musculação e treina seis horas todos os dias. Ela manteve praticamente intacta sua equipe técnica. Rebeca Gusmão chegou a ficar três meses em um centro de treinamento no Colorado, nos Estados Unidos, e disse ter intenção de montar uma equipe multidisciplinar para voltar a treinar lá. A defesa da nadadora desqualifica uma terceira acusação, feita durante o Pan. Neste caso, foram encontrados dois DNAs diferentes em amostras de urina colhidas para o exame antidoping. - Até hoje não teve julgamento, possibilidade de defesa nem decisão. Com todo respeito à Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana), nunca vi tamanho absurdo. É algo louco, surreal. Desafio alguém a trazer essa decisão - disse o advogado de Rebeca, Breno Tannuri.

Emoção

Durante a entrevista coletiva, a nadadora ficou emocionada e falou várias vezes sobre os telefonemas de amigos e do apoio que recebeu após a decisão do CAS, divulgada na última sexta-feira. - Em nenhum momento perdi a esperança ou o sonho de participar das Olimpíadas. Eu vou para essas Olimpíadas sim, e vou trazer uma medalha para o Brasil, sim. Quando caio na piscina, só consigo pensar em Pequim. Até hoje não teve uma pessoa que me parou na rua para dizer que sou culpada ou uma vergonha, mas para falar muito obrigado porque você é um orgulho por tudo o que fez pelo país - complementou, bastante emocionada. Na entrevista, a nadadora também deu uma resposta aos comentários sobre as mudanças no seu corpo. - As pessoas julgam muito pela aparência. Meu biotipo chama atenção no Brasil. Se me candidatei a isso, sei que vou incomodar. O corpo que eu tenho hoje não consegui do ano passado para agora. São 12 anos que faço musculação. O meu progresso foi gradativo. Se fala que eu ganhei muita massa e melhorei meu tempo absurdamente. Não é verdade - complementou.

|